Por: Bruna Bozano
Com mais de 500 mil acidentes de trabalho registrados por ano no Brasil, a investigação de acidente de trabalho torna-se cada vez mais necessária para elucidar causas e prevenir novas ocorrências.
Profissionais treinados, como detetives particulares e peritos em segurança, agem para isolar e preservar o local do sinistro. Isso é “vital para uma investigação precisa”, pois garante que o cenário permaneça intacto e permite “analisar o cenário exato em que o acidente ocorreu”, oferecendo uma compreensão mais clara dos fatores envolvidos. Essas diligências iniciais asseguram que todos os detalhes do evento sejam rigorosamente documentados, fornecendo base para análises posteriores e eventual defesa ou contestação em juízo.
Etapas da apuração de acidentes

Empresas e advogados estruturam o processo investigativo em fases claras, que combinam técnica forense e compliance trabalhista. Entre as principais etapas, destacam-se:
- Isolamento e preservação da cena do acidente – bloqueio imediato da área para evitar alterações no local.
- Coleta de depoimentos e evidências – registro de testemunhos e análise de documentos, relatórios médicos e de segurança. Entrevistas realizadas com cuidado ajudam a completar o quadro fático.
- Coleta de mídia e dados tecnológicos – uso de câmeras de vigilância, gravações e monitoramento de redes sociais, sempre dentro dos limites legais. Esses recursos podem revelar pistas adicionais sobre as circunstâncias.
- Produção de relatório circunstanciado – elaboração de um documento detalhado com análise dos fatos. Este relatório técnico, que inclui fotos, vídeos e sequência lógica dos eventos, pode servir como contraprova judicial.
Esses procedimentos padronizados agregam rigor à investigação, permitindo que a realidade dos fatos seja confirmada ou contestada com base em evidências objetivas.
Combate a fraudes e omissões

Além de esclarecer acidentes legítimos, a investigação trabalhista ajuda a identificar tentativas de fraude ou omissão.
Especialistas em investigações particulares usam ferramentas como análise de redes sociais e vigilância discreta para verificar a veracidade das alegações. Por exemplo, perfis em redes sociais podem revelar inconsistências na versão do acidente, enquanto gravações – quando permitidas – auxiliam a confirmar depoimentos.
Essas apurações minuciosas revelam desde informações não declaradas até indícios de falsificação de documentos ou má utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Com isso, a atuação investigativa protege o empregador de indenizações indevidas e contribui para coibir práticas desleais no ambiente de trabalho.
Provas lícitas e ética na investigação
O uso de técnicas investigativas sempre deve respeitar a legalidade e a ética profissional. A Lei nº 13.432/2017 regulamenta a profissão de detetive particular, estabelecendo que sua atuação seja “lícita, desde que respeite a legislação”. Na prática, isso significa que o investigador deve preservar direitos fundamentais (como privacidade e intimidade) e agir de forma íntegra. Por exemplo, gravações ocultas só serão admitidas pelo juiz se não violarem a dignidade ou expor de forma indevida os envolvidos.
Como ensinam especialistas, o detetive particular opera sempre “de forma legal e ética, respeitando as leis” e zela pelo “direito à intimidade e à privacidade” das pessoas. Em suma, as provas colhidas só são validadas no processo se obtidas licitamente. Esse cuidado garante que os resultados da investigação possam ser usados para instruir a ação sem risco de serem considerados ilícitos.
Investigação como suporte técnico em processos judiciais

Os frutos da investigação especializada embasam defesas e contestações em ações trabalhistas. Relatórios de investigação são submetidos aos advogados e juízes como suporte técnico confiável. Como destaca a doutrina, um investigador designado por uma empresa deve elaborar “um relatório circunstanciado, o qual poderá servir como contraprova judicial”.
Em outras palavras, o documento produzido pelos especialistas é usado para confrontar as alegações iniciais do autor da ação, apontando eventuais causas alternativas do acidente ou evidências de culpa exclusiva do trabalhador. Para empresários e escritórios de advocacia, contar com esse material robusto significa reforçar a qualidade da prova, tornando mais sólido o conjunto probatório disponível em juízo.
Com atuação pautada em normas e ética, a investigação trabalhista qualificada agrega transparência e confiança às disputas judiciais.
Ao esclarecer os fatos e reunir provas úteis, o trabalho dos investigadores especializados contribui para decisões mais justas e seguras – protegendo tanto o trabalhador de condutas omissas quanto a empresa de indenizações indevidas.
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